Ao sair de casa noite passada eu sabia que algo especial aconteceria, só não sabia o que era.
Eu estava brigada com minha mãe, quis sair para esfriar a cabeça, era por volta das dez da noite quando eu arrumei minha bolsa e fui ao ponto de ônibus, estava indo dormir na casa de um amigo. 
Estava esperando um ônibus que demorou muito e eu, sem paciencia que sou, acabei pegando outro com a tarifação mais cara. Mas como dizem por ai, Deus sabe o que faz... 
Subi, estava apenas com 10 reais, paguei minha passagem e me sentei logo após o cobrador. Pouco depois veio um passageiro até ele e perguntou onde ficava a Policlínica Barro Lima, o cobrador não soube explicar e como eu conhecia a área disse o que ele tinha que fazer.
Teríamos que descer no largo da encruzilhada, se encaminhar até a Av. Norte e pegar outro ônibus para chegar até lá. Foi quando ele disse que iria andando até a policlínica. Fiquei estarrecida pois o ponto que iríamos descer ficava muito longe do seu destino.
Em seu rosto estava um semblante sofrido, um olhar cansado de quem já andara o dia todo atrás de algo e não conseguira. Ele era meio rústico, parecia que havia vindo do sertão e a minha curiosidade falou mais alto. O perguntei o que ele iria fazer lá na policlínica e ele me falou que sua mulher morrera de parto e deixara um casal de gêmeos e que ele estava vindo do interior atrás de leite materno. Ele passara o dia inteiro apenas tendo comido um pão com água. Era uma situação desesperadora, ele já havia ido em 9 maternidades e a Barro Lima era a sua ultima opção.
Sensibilizado com sua situação o cobrador do ônibus lhe deu seu lanche, para que ele pudesse enganar a fome, e eu, não me contive em lágrimas, pedi para que ele me acompanhasse pois eu pagaria sua passagem e mostraria até onde ele tinha que ir. 
Quando descemos ele me mostrou uma foto de sua mulher grávida dos gêmeos e mais uma vez eu não me contive em lágrimas, pegamos o mesmo ônibus e todo o resto do dinheiro que eu tinha para passar o dia eu dei-lhe. Fiz o que meu coração pediu. Para muitos isso pode ser um gesto qualquer, mas esse pequeno gesto acalentou meu coração de uma forma que eu não sei explicar...
Pequenos gestos fazem grandes momentos, dizia o poeta. Agora sei que é verdade. Boa ação? Não sei se chega a tanto, mas tenho certeza que para aquele homem o meu pequeno gesto foi muito importante.
Peço a Deus que o ajude e olhe pelos gêmeos, se eu puder ajudar mais que eu os ajude. Essa também é a anja, a Déborah que tem coração e que gosta de ajudar as pessoas.
Faça sua parte para um mundo melhor !!
 






 
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